sexta-feira, 14 de julho de 2023

As cinco feridas emocionais - Lise Bourbeau - Ferida do ABANDONO

 Continuando nossa jornada de autoconhecimento a respeito das feridas emocionais que nos acometem desde a mais tenra idade, vamos conversar um pouco sobre a ferida que considero a mais nociva (minha opinião pessoal) a ferida do ABANDONO.
Abandonar alguém é deixá-lo, largá-lo, não querer mais se preocupar com ele. De acordo com Lise Bourbeau rejeição e abandono não são sinônimos, pois a ferida da rejeição é ativada em nós pelo genitor do mesmo sexo e a ferida do abandono, pelo do sexo oposto.
Quando crianças podemos nos sentir abandonados frente a diversas situações, tais como: quando nossos genitores passam a se ocupar com um novo bebê, quando os pais saem para trabalhar e tem de nos deixar com outras pessoas por muito tempo, se um dos pais é muito doente e o outro muito ocupado, se os genitores são narcisistas ou sociopatas e não dedicam tempo, nem afeto aos filhos.
Quem sofre de abandono não se sente alimentado afetivamente e pode também ter sofrido com falta de alimento físico. A máscara que esse indivíduo abandonado vai desenvolver para camuflar essa ferida será a do DEPENDENTE.
O dependente desenvolve uma crença de que não tem forças para conquistar nada sozinho e que precisa de outra pessoa para auxiliá-lo. Seu corpo físico acaba por refletir essa necessidade de apoio: sua característica mais marcante é a falta de tônus muscular, com partes do corpo apresentando flacidez (nádegas, seios, barriga) e uma coluna de aparência curvada, como se o corpo não fosse capaz de suportar o próprio peso.
Geralmente tem dificuldades para tomar decisões por si próprio e costuma pedir opinião ou aprovação dos outros, antes de decidir qualquer coisa. 
O dependente se manifesta muitas vezes como vítima. A vítima é uma pessoa que engendra todo tipo de dificuldades ao longo da vida para chamar a atenção para si. É uma pessoa que dramatiza muito, o mais ínfimo incidente ganha proporções gigantescas. 
Por outro lado, o dependente pode gostar de fazer o papel de salvador, como quando este desempenha o papel de pai ou mãe de outra pessoa (figurativamente falando). Na realidade quando o dependente faz muito por outra pessoa, ele deseja sobretudo ser reconhecido, elogiado e sentir-se importante, com a expectativa de um retorno afetivo - é uma espécie de conarcisismo. A diferença entre os dependentes e os narcisistas é que os primeiros são empatas, porém ambos necessitam de validação de suas ações, ou seja, dependentes e narcisistas são muito parecidos e costumam se atrair em relações altamente tóxicas. Os dependentes veem os términos de suas relações (sejam elas com pessoas narcisistas ou não) como abandono e revivem então, a ferida emocional da infância, por isso sofrem mais intensamente.
De fato a solidão é o maior medo do dependente, por esse motivo, a pessoa dependente é mais propensa a "não enxergar" problemas em seu relacionamento. Temendo ser abandonada prefere acreditar que tudo vai bem: mesmo sendo agredida física e psicologicamente permanece na relação abusiva por se sentir incapaz de administrar a própria vida. Outro grande medo daqueles que possuem a ferida do abandono é o de não corresponder as expectativas dos outros e, aliado a incapacidade de fazer uma autocrítica, esse receio impede que o dependente admita sua ferida - é mais fácil servir de capacho das vontades alheias do que assumir as rédeas da própria vida.
Uma observação bem interessante que Lise faz no livro é a seguinte: "Enquanto guardamos ressentimento contra um de nossos pais (mesmo que inconscientemente) , nossas relações com todas as outras pessoas do mesmo sexo desse genitor serão difíceis."
Lembre-se de que nossa incapacidade de nos perdoarmos pelos sentimentos negativos que carregamos com relação aos outros é a principal causa de uma ferida. SIM! Sentimos culpa pela raiva, pela mágoa, que guardamos de nossos genitores - afinal a sociedade diz que devemos honrar nossos pais. Mas honrar pai e mãe, na realidade, significa tão somente não repetir os mesmos erros que estes cometeram conosco e consigo próprios.
Pesquisas nas áreas de medicina e psicologia constataram a perpetuação , de geração para geração, de doenças ou comportamentos destrutivos em famílias tóxicas. Elas apontam a existência de famílias de diabéticos, cardíacos, asmáticos (pois quanto mais profunda for a ferida do abandono na pessoa, maior o grau de autoabandono ou de abandono a outras pessoas , situações ou projetos). Da mesma forma, apontam a existência de famílias que perpetuam em seu seio comportamentos delituosos, violentos, viciosos, etc.

Nas próximas semanas, voltarei trazendo a resenha a respeito da ferida da HUMILHAÇÃO.
Você pode ter se identificado com a ferida do ABANDONO, porém, lembre-se que o grau das feridas que possuímos pode variar e sempre teremos mais de uma delas, em proporções diferentes. Por isso recomendo que acompanhe as demais postagens do blog!


O milagre da manhã - Hal Elrod

  Mais uma obra que nos estimula a mergulhar nas profundidades do nosso ser: "O milagre da manhã" foi escrito por Hal Elrod, após ...