domingo, 10 de setembro de 2023

As cinco feridas emocionais - Lise Bourbeau - Ferida da HUMILHAÇÃO

 Conforme prometido retornamos com a resenha da terceira ferida emocional, a ferida da HUMILHAÇÃO.
Essa é uma ferida relacionada ao TER e ao FAZER, ela desperta no período em que a criança aprende a comer sozinha, a ser asseada, a usar o banheiro, a falar, a escutar e compreender o que os adultos lhe dizem, ou seja, quando a criança passa a ser mais independente, mais autônoma.
Seu despertar se produz no momento em que a criança sente que SUA MÃE (sim, essa é uma ferida gerada pela mãe, independente do sexo da criança, ou pelo pai, quando esse assume um papel de "educador" que geralmente é da mãe) tem vergonha quando o filho (a) está sujo, faz uma má-criação ou está mal vestido por exemplo - sobretudo quando isso ocorre em público ou em frente a outros familiares.
O comportamento de ridicularizar, expor o filho na frente de outras pessoas faz a criança acreditar que envergonha e enoja seus pais. Então ela se sente humilhada e se culpa por isso. Vale ressaltar que as crianças não sabem se auto regular emocionalmente, portanto os pais deveriam fazê-lo, mas quando não cumprem seu papel, essa criança vai forjar para si a máscara do MASOQUISTA a fim de camuflar seu sofrimento interno.
É de conhecimento geral que o MASOQUISMO é o comportamento da pessoa que encontra satisfação e até prazer em sofrer. Em geral são pessoas que procuram dor e humilhação de maneira inconsciente. Condicionados a sofrerem humilhações calados na infância, os masoquistas crescem com dificuldade para exprimirem suas reais necessidades e seus reais sentimentos. Evitam falar com medo de se envergonhar ou de causar vergonha a alguém.
Se privam de vivenciar situações que lhe proporcionariam lazer ou distração, uma vez que se sentem indignos disso. Portanto são pessoas que costumam estudar ou trabalhar demais, de maneira que encontrem nos sacrifícios o seu prazer.
São frequentemente apegados a mãe e vão fazer de tudo para não lhe causar vergonha. Essa mãe acaba tendo bastante influência sobre o masoquista mesmo que isso aconteça de modo inconsciente e involuntário. Em geral, eles chegam a ponto de perder o contato com os próprios desejos para não desagradar a mãe.
Para se esquecer de si mesmo e de suas vontades, o masoquista desenvolve a capacidade de se colocar em situações em que deve cuidar de alguém. Fazendo de tudo pelos outros, muitas vezes se degrada e se humilha, mas isso, o faz sentir que sem sua ajuda as outras pessoas não serão bem sucedidas. Ele faz de tudo para se mostrar útil aos outros como forma de esconder sua ferida.
O indivíduo que sofre com a ferida da humilhação sempre se recrimina por tudo e até mesmo assume a culpa de algo pelos outros. 
Ele tem a capacidade de fazer os outros rirem. Ele é muito expressivo e engraçado contando histórias e coloca-se como alvo do riso das pessoas. É uma maneira inconsciente de se humilhar e rebaixar. Assim talvez, ninguém adivinhe que, sob as palavras que despertam risadas, se esconde o medo da vergonha.
Não somente o medo da vergonha ronda a vida do masoquista, como também o de magoar os outros, de parecer egoísta, de revelar suas necessidades ou desejos, de ser rebaixado e humilhado (por isso muitas vezes ele mesmo se rebaixa), de que o outro o faça se sentir um lixo, de se sentir ou ser taxado de indigno. Reconhecer-se nesses medos é um bom meio para você detectar se possui essa ferida.
Precisamos falar do grande tabu na vida do masoquista, a vergonha sexual. Lise Bourbeau diz no livro que essa vergonha é transmitida de geração em geração em uma família e só será resolvida quando a ferida da humilhação for curada. Ela constatou ao longo dos anos de atendimentos e pesquisa, que a maioria dos indivíduos que sofre de humilhação faz parte de famílias cujos membros têm problemas sexuais e se relacionam com pessoas com esses dilemas. 
Tantos desejos reprimidos fazem com que haja muita energia bloqueada no corpo do masoquista. Se ele se permitisse sem vergonha ou culpa, ser livre como precisa, com certeza não teria tanto acumulo de peso, literalmente. Suas características físicas abrangem o sobrepeso, a estatura baixa, o pescoço largo e inchado, tensões no pescoço, mandíbulas e pélvis. Carregar o peso de suas escolhas não feitas, vontades reprimidas, responsabilidades em excesso (que ele absorve para si para aliviar os outros) tem um peso, um peso que se manifesta em seu corpo físico, infelizmente.

Nas próximas semanas, voltarei trazendo a resenha a respeito da ferida da TRAIÇÃO. 
Você pode ter se identificado com a ferida do HUMILHAÇÃO, porém, lembre-se que o grau das feridas que possuímos pode variar e sempre teremos mais de uma delas, em proporções diferentes. Por isso recomendo que acompanhe as demais postagens do blog!



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