segunda-feira, 9 de outubro de 2023

O pequeno príncipe - Antoine de Saint-Exupéry

 A tensão dos últimos dias devido a invasão de Israel e a guerra, tem nos causado desconforto e ansiedade. Uma das formas que eu encontro desde sempre, para mudar o foco da minha mente para coisas positivas é a leitura.
Mudar o foco não quer dizer manter-se alienado da realidade, eu acompanho as notícias e oro pela população que sofre com as consequências do conflito, mas procuro um conforto nesse hábito que é um oásis na minha vida.
Esse final de semana terminei a leitura do "Pequeno Príncipe" de Antoine de Saint-Exupéry. Fiz essa leitura em paralelo a outras, mas nesse momento de angústia ela realmente fez a diferença. Foi uma lufada de frescor para a alma.



O autor era aviador e escrever para ele era um hobby. Sei bem como é isso, estar dividido entre a paixão por sua profissão e o amor pela literatura.
Na minha interpretação "O Pequeno Príncipe" é uma obra sobre o resgate da criança interior perdida. 
No início o piloto, que é o narrador da história, aparece em meio a um deserto consertando seu avião que havia quebrado. De repente se depara com um menino pequeno, de cabelos dourados, que lhe pede que faça desenhos.
O pequenino também começa a contar-lhe a sua saga, desde a saída de seu planetinha natal até a chegada da Terra. Seu pequeno planeta tinha três vulcõezinhos e uma rosa, a sua rosa. A vaidade de sua flor o impele a sair em busca de novas experiências, pois lidar com ela era bem cansativo. Nessa busca, o pequenino passa por vários outros diminutos planetas, habitados respectivamente por um rei, um homem vaidoso, um bêbado, um homem de negócios, um acendedor de lamparinas, um geografo e enfim, a sétima parada era a Terra, onde conhecera o piloto.
Após narrar sua epopeia ao aviador, o menino resolve sair para um breve passeio pelo deserto e encontra belas paisagens de onde pode apreciar as estrelas. Se depara com um jardim repleto de milhares de rosas e nesse ínterim conhece uma raposa falante, que transmite preciosas lições:

"... é somente com o coração que podemos ver corretamente; o essencial é invisível aos olhos."
" - Foi o tempo que perdeu com sua rosa que fez dela uma rosa tão importante."
"... Você se torna eternamente responsável pelo que cativou. Você é responsável por sua rosa."

O príncipe despede-se da raposinha, segue errante pelas paragens próximas e encontra uma estação ferroviária. Lá observa pessoas superocupadas descendo e subindo dos trens, sem se dar conta de que a vida passava. Depois disso encontra um comerciante que vende pílulas para matar a sede das pessoas - o objetivo dessas pílulas era que as pessoas economizassem o tempo que gastavam em suas vidas com o ato de ter que beber água.
Horrorizado com tamanha desconexão das "pessoas grandes" com a importância das coisas simples da vida, o garoto retorna ao local de origem e reencontra o aviador para uma triste despedida. Ele decide voltar para seu planetinha e sua rosa, mas antes deixa a seguinte mensagem:

" - As pessoas - disse o pequeno príncipe - seguem seu caminho nos trens expressos, mas elas não sabem o que realmente estão buscando. Então elas vivem correndo, estressadas, dando voltas em torno do mesmo lugar. E nada disso vale a pena."

O coração do piloto é tomado de ternura ao despedir-se do menino.

Ao fim da história, pude compreender que esse encontro entre ambos (o homem e o menino) no deserto representa o reencontro de um adulto solitário com sua criança interior. Uma criança que viajou mundos, conheceu todo tipo de pessoas superficiais, mas não se esqueceu de sua rosa. A delicada rosa, que representa suas emoções que devem ser cultivadas, protegidas das más influências do mundo excessivamente racional, que não reconhece o valor da coisas simples da vida e das conexões afetivas que devemos formar, pois são essas memórias que levaremos conosco quando partirmos desse planeta.
Nesse momento difícil, onde a humanidade encontra-se quase que totalmente cegada por seu narcisismo, hedonismo e materialismo, digo que apreciar a água que se bebe, desfrutar a companhia daqueles que amamos, tudo isso é muito precioso! Cultivemos e cativemos a rosa que brota dentro de nós, na nossa alma, através da construção de laços e memórias afetivas, valorizando cada pequeno milagre diário da vida!!!

Boa leitura.

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