sexta-feira, 12 de abril de 2024

O cérebro das pessoas felizes - Ferran Cases e Sara Teller

Assim como o livro tema da resenha anterior (A biblioteca da meia-noite) essa obra foi adquirida da prateleira que fica no caixa do mercadinho da minha cidade - SIM, o mercadinho tem uns livros incríveis!
"O cérebro das pessoas felizes" dos autores Ferran Cases e Sara Teller é uma obra de neurociência, mas também de autoajuda. Ferran é um escritor espanhol, ansioso por natureza, que resolveu relatar sua trajetória de lutas contra seu transtorno de ansiedade e Sara é uma neurocientista, que nos conduz pelos meandros dos mecanismos cerebrais por trás dos comportamentos de Ferran: intercalando os relatos das experiências de vida do escritor, com as explicações científicas da doutora, essa leitura nos proporciona de maneira objetiva e didática uma compreensão de como nosso cérebro funciona, nos conferindo poderes que só o conhecimento é capaz de nos conceder!
A resenha abaixo também será simples e didática, para que assim você se sinta atraído por aprofundar-se nessa leitura, que já adianto, fez muita diferença para mim!



A última evolução do nosso cérebro ocorreu há uns 100 mil anos, portanto ele ainda é primitivo e está tendo de se adaptar muito rapidamente  as mudanças tecnológicas que estamos vivendo e que nos induzem a estímulos contínuos - isso gera ansiedade e estresse. 

O estresse é uma resposta natural e fisiológica do nosso organismo que age de acordo com o seguinte mecanismo: diante de um estímulo sensorial muito intenso ou uma "ameaça" - este é processado na região cerebral chamada amídala - nossos circuitos neurais mandam um sinal ao hipotálamo, que manda um sinal à hipófise, que manda outro às glândulas adrenais, que segregam adrenalina, noradrenalina e cortisol, fazendo o corpo se preparar para a luta ou a fuga - e dessa forma reagimos de maneira rápida diante do estímulo (ameaça) SEM PENSAR MUITO.

O estresse é caracterizado por uma ansiedade generalizada, prolongada por um bom tempo. Em geral nos sentimos estressados diante de situações que percebemos não ter recursos suficientes para enfrentá-las. Ser exigente demais consigo mesmo ou procurar ter tudo sob controle são ações do cérebro que visam garantir nossa sobrevivência, porém o estresse contínuo pode ter o efeito contrário: intoxicado de cortisol, o organismo passa a ter o sistema imunológico prejudicado e aumenta nossa probabilidade de adquirir enfermidades.

Pessoas ansiosas vivem dominadas pelo MEDO e as decisões dos ansiosos são canalizadas por essa emoção específica. Quando nos encontramos nesse estado de ansiedade buscamos satisfação em curto prazo: motivados pela busca do prazer e para escapar da dor.
Se nossos pais sofrem de ansiedade, teremos de 30 a 40% de probabilidade de sermos ansiosos também. Teremos mais riscos mas isso não é condicionante, porque o cérebro é mutável graças a neuroplasticidade. Quarenta por cento do que somos (temperamento) é herdado geneticamente, o restante (personalidade) é formado a partir das experiências vividas. A personalidade é formada por um padrão de comportamentos que advém da repetição de pensamentos e condutas, que reforçam as conexões responsáveis por eles: o cérebro interpreta como real aquilo que pensamos. Se eu elucubrar continuamente sobre a mesma coisa da mesma forma, esse caminho neural, com o passar do tempo passa a ser ativado automaticamente pois o cérebro é preguiçoso e gosta de fazer sempre as mesmas coisas com intuito de economizar energia e sobreviver.
O cérebro prefere sobreviver a ser feliz.  

Diante disso, é importante tomar consciência de quais hábitos ou programas mentais automatizados estão nos destruindo ou são limitantes e tentar trocá-los por outros que nos beneficiem. Graças a neuroplasticidade isso é possível.

Por trás da constante busca por prazer e fuga da dor há a dinâmica da recompensa imediata: o cérebro libera um neurotransmissor do prazer, a dopamina, que é responsável não só pela motivação que nos impulsiona em nossas tarefas do dia a dia, mas também pela motivação que empregamos na busca pelo prazer contido nos vícios, na alimentação carregada de açúcares e gorduras, pelo sexo desenfreado, etc.
O controle sobre nossos impulsos primitivos, que visam buscar apenas satisfação imediata, tem relação com a atividade do córtex pré-frontal: é ele que é capaz de processar nossos impulsos e emoções, fornecendo maior racionalidade a nossas decisões. Veja bem, emoções são úteis e fundamentais para nossa existência como humanos em sociedade, mas as emoções descontroladas favorecem a manutenção da utilização da via rápida de reação: uma pessoa reativa, impulsiva, se deixa levar pelos impulsos e emoções sem racionalizá-los e dessa forma, acaba os transformando em ansiedade e estresse.
Estudos comprovam que as pessoas que se dão um tempo para racionalizar as emoções têm a conexão entre amídala e córtex pré-frontal reforçada.

Como reforçar a conexão entre amídala e córtex pré-frontal? Como destronar a amídala e reforçar a via lenta de reação, fazendo com que nossas emoções sejam racionalizadas e sejamos menos ansiosos, estressados e impulsivos?

Respirar profundamente diminui a frequência cardíaca e a pressão arterial e baixa a concentração de cortisol, o que reforça o sistema imunológico. A respiração também influência a atenção, a memória e a maneira como gerenciamos as emoções;

Praticar atividades físicas - além de melhorar o sistema cardiovascular, da queima de calorias, da redução de gordura e da manutenção da massa muscular, também ajuda na liberação de dopamina, endorfina e serotonina que proporcionam sensação de bem-estar e felicidade;

Meditar lhe permite dominar a mente. Deixamos de entrar em loop e de viver constantemente no piloto automático.
Quando meditamos, respiramos de maneira mais pausada, diminuindo a frequência cardíaca e aumentando sua variabilidade, o que nos dá um tom vagal (estimula o nervo vago que ativa o sistema parassimpático) e induz a um estado de relaxamento, melhorando a coordenação entre o cérebro e o coração.

Alimentação saudável - o que comemos pode impactar o aumento da ansiedade - ingerir muitos açúcares, gorduras, alimentos industrializados e excesso de sal pode prejudicar a flora intestinal. Estudos comprovam que o uso de prebióticos  aumenta as bactérias do tipo Lactobacillus no intestino e atenua os níveis de cortisol. O intestino é considerado um segundo cérebro e as pessoas que possuem uma flora rica, tem menos depressão.

Sono de qualidade - passamos quase um terço da vida dormindo. O cortisol diminui durante a noite e a melatonina, conhecida como hormônio do sono, sobe. A privação do sono e nos impõe um estado de vigília intenso prejudicando o sistema cardiovascular e imunológico. A memória também sofre um déficit, uma vez que enquanto dormimos, saneamos as lembranças, integrando-as a outras já existentes fazendo com que lembremos melhor das informações mais tarde.
 
Disciplina - adquirir novos hábitos, estabelecendo novos caminhos neurais é um exercício que exige muito foco e disciplina. E não ocorre em um passe de mágica: estudos científicos revelam que um novo comportamento leva cerca de 66 dias para ser assimilado por nosso cérebro. Portanto, se quisermos uma vida com mais qualidade, menos estresse e ansiedade, a DISCIPLINA é um ingrediente imprescindível.

Por fim, lembro que o ambiente que nos cerca também influencia muito nas nossas escolhas. Se vivemos ou trabalhamos em um ambiente estressor, convivemos com pessoas abusivas e tóxicas, há uma chance muito grande de fracassarmos em nossas tentativas de alcançar uma transformação interior, de buscarmos a evolução. Segue abaixo um trecho do livro, para que possamos refletir melhor a respeito:


Espero que essa obra impacte a sua vida e te impulsione a buscar seu propósito, sua melhor versão de si.
Boa leitura!!!

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